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Tutora do Caminhos do Cuidado lança livro em Niterói-RJ
10 de junho de 2016

Promover reflexão a respeito das escolhas profissionais. Esse é o objetivo do livro “Juventude, Pão e Sonho: Orientação Vocacional/Profissional em Discussão”, de Diana Malito, que atuou como tutora durante o processo de formação do Caminhos do Cuidado entre 2014 e 2015. O lançamento da obra acontecerá em noite especial de autógrafos, na próxima terça-feira (14/06), às 20 horas, na Sala Carlos Couto do Teatro Municipal de Niterói, no estado do Rio de Janeiro.

O livro, viabilizado pela editora Pachamama, aborda os desafios dos jovens em escolher e cuidar dos caminhos profissionais em um cenário cada vez mais competitivo. Pretende também ser referência para quem trabalha de forma inovadora com orientação vocacional/profissional, além de fazer uma provocação geral em relação ao posicionamento das pessoas frente ao trabalho e à vida. A publicação é fruto da dissertação de mestrado em Psicologia, desenvolvida pela autora na Universidade Federal Fluminense (UFF), somados a sete anos de trabalho no âmbito das escolhas profissionais e projetos de vida de públicos distintos.

A frase de divulgação da obra “Existir, a que será que se destina?”, extraída da música Cajuína, de Caetano Veloso, foi o fio condutor de Diana neste projeto. Ela explica que se inspira nessa frase para refletir sobre o que fazemos da nossa vida, como nos relacionamos conosco e com o mundo, mas principalmente a importância de se questionar a razão pela qual apenas algumas existências têm legitimidade e valor humano.

Juventude, pão e sonho

Quando começou a se interessar pelo trabalho com orientação vocacional/profissional,  Diana tinha como público-alvo os jovens na busca obrigatória por qual curso fariam no vestibular, mas percebeu que os processos de escolhas não eram problematizados e os “orientandos” mantinham uma relação de tutela com o “orientador”. “O mercado de especialistas, buscando capturá-los cada vez mais cedo, já no ensino fundamental, tornavam os jovens inseguros e cada vez mais ansiosos”, declara a autora.

A respeito da escolha do título do livro, Diana explica o porquê escolheu três palavras marcantes e curiosas: juventude, pão e sonho. “A pressão que há sobre a juventude, pobre, classe média e rica, a respeito da profissão, me fez enfatizar o termo no título. São jovens que desde cedo se veem pressionadas a planejar sua sobrevivência, o pão de cada dia, cada vez mais vinculado ao consumo, perdendo com isso a possibilidade de sonhar e conspirar diferentes destinos”, conta a autora.

A experiência no processo de formação

Diana Malito foi tutora de 14 turmas durante o processo de formação do projeto Caminhos do Cuidado no estado do Rio de Janeiro. Ela ministrou aulas nas cidades de Campos dos Goytacazes, Magé, Itaboraí, Maricá, Niterói, São Gonçalo e na capital carioca, nos bairros de Santa Cruz e Centro.

A experiência vivida foi muito marcante para a autora, que viu a oportunidade de agradecer, nas páginas iniciais de seu livro, as transformações que passou junto aos alunos formados: “Agradeço aos agentes comunitários de saúde e técnicos de enfermagem do estado do Rio de Janeiro. Com eles estão os melhores e mais desafiadores encontros que já tive na vida”.

Ela falou, ainda, que a experiência adquirida no projeto junto a esses profissionais modificou a sua visão sobre o modo de encarar o trabalho. “A vivência foi bastante singular, embora não fosse fácil, pois o tutor é cobrado por toda a dificuldade da materialização das políticas públicas, mas quando os profissionais percebiam que éramos seus aliados e tínhamos os mesmos objetivos, quanta coisa pudemos produzir juntos”, recorda Diana, com entusiasmo.

Relação do livro com o Caminhos do Cuidado

Três pontos marcantes foram delineados por Diana em uma comparação entre o tema de seu novo livro e o projeto Caminhos do Cuidado:

1) A maneira que os profissionais de saúde lidam com o trabalho. “Pode, às vezes, faltar estrutura material e gestão, mas não falta nada em paixão e coragem de realizar. É uma coisa impressionante”, comenta a autora;

2) As marcas da hierarquização do conhecimento. “Percebi que havia um sentimento de inferiorização por parte dos agentes comunitários de saúde e técnicos de enfermagem por não possuírem nível superior. A metodologia do projeto, fundamentada em trabalhar com o saber e a experiência que eles possuíam, viabilizou o empoderamento de muita gente”, complementa Diana.

3) A necessidade urgente de intervir na subjetividade da população atendida na Atenção Básica. “Como que a gente trabalha fora da lógica higienista e acessa os projetos de vida da população? Que seja para reconhecer que ali existe uma história singular, que ali tem sonho e dificuldades concretas que interferem na saúde integral da pessoa”, indaga a autora.

Experiências em Saúde Mental

Na sequência, Diana ressaltou que sua formação profissional na Universidade Federal Fluminense (UFF) e posterior trabalho na Saúde Mental, possibilitou o exercício do pensamento e da problematização, e que hoje é impossível enxergar o mundo do mesmo modo. Ela contou um dos casos que atendeu relacionado ao uso de crack. “Uma vez, um paciente me contou sobre o quanto trabalhava antes de intensificar o uso de crack. Ele tinha uma tendência empreendedora, prestava serviços na noite de maneira bem criativa. Atualmente, estava roubando e já havia sido ameaçado por seguranças de um mercado, mas não conseguia parar. Perguntei por que ele roubava e ele respondeu: ‘Como você acha que vou comprar drogas?’. Em seguida, retruquei: ‘Por que você não trabalha?’. Ele levou um susto pela possibilidade de um usuário, que na visão dele estava fadado apenas ao uso de drogas, tentar trabalhar. Então, ele disse curioso: ‘Trabalhar para comprar drogas?’. A partir daquele momento se abriu tanta coisa. Não a abstinência mágica, nem a transformação redentora que muitos acreditam poder buscar na área da Saúde Mental, mas as possibilidades de desejar e pensar além do que se tem, ser além do que se é”, finalizou Diana.

A Sala Carlos Couto é anexa ao Teatro Municipal de Niterói, localizado na Rua XV de Novembro, 35, Centro. Saiba mais sobre o lançamento do livro clicando aqui. Vale a pena conferir!

Por: Camila Cruz
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