Cem candidatos a tutores estão participando do curso de formação em Saúde Mental (crack, álcool e outras drogas) do Projeto Caminhos do Cuidado que está sendo realizado em Curitiba. Os tutores vão trabalhar na formação e no acompanhamento de agentes comunitários de saúde (ACSs) e auxiliares e técnicos de enfermagem (Atenfs) da Atenção Básica. Os cursos de formação dos tutores são compostos por aulas presenciais e observações em campo, alternando as duas práticas, com carga horária de 120 horas.
A solenidade de abertura do curso de formação de tutores aconteceu nesta segunda-feira (07/10), no auditório da Escola Técnica do SUS do Paraná. Para a mesa de abertura do evento foram convidados: Célia Rodrigues Gil, diretora da Escola Técnica de Saúde do Paraná (Etsus-Paraná); Marco Aurélio Rezende, do Departamento de Gestão de Educação na Saúde do Ministério da Saúde; Rosana Ballestero Rodrigues do Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde; Cristina Guimarães, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/Fiocruz) e Edelves Rodrigues da Escola do Grupo Hospitalar Conceição e coordenadora executiva do projeto.
Célia Rodrigues Gil deu as boas vindas aos alunos e a equipe e falou sobre a importância do projeto no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). “Há necessidade de se construir novos paradigmas para enfrentar questões que transcendem a questão patológica. Precisamos ter esse olhar para o sujeito que integra a sociedade e não tem oportunidades, nem acesso, precisamos acolher. É preciso transformar essas políticas, de forma a trabalhar o cuidado dentro dessa nossa missão que é promover e gerir os sistemas e os serviços de saúde. É um desafio para o SUS. Esse projeto Caminhos do Cuidado vem justamente ao encontro dessa realidade que precisamos transformar”, afirmou.
Em seu discurso, Marco Aurélio Rezende destacou que o projeto é uma ação importante do Ministério da Saúde, porque traz à tona a discussão da Saúde Mental com ênfase no usuário de álcool, crack e outras drogas. “Entendemos que esse processo de formação para os ACSs e Atenfs terá como efeito um impacto na rede como um todo. Tanto os tutores como os orientadores fazem parte de um processo de educação permanente. Esse já é um processo de formação, onde a partir das trocas e das experiências e de toda a metodologia que foi proposta, podemos começar a refletir sobre as nossas práticas e como temos encarado o SUS, e como temos pensado as políticas de Saúde Mental e Atenção Básica”.
Rosana Rodrigues também frisou a importância desse momento. “Estamos construindo, junto com vocês, esse novo olhar do SUS, o olhar da integralidade do sujeito. Que possamos construir um SUS onde a integralidade não seja só um discurso. Que na Atenção Básica possamos caminhar de braços dados com a Saúde Mental”.
Cristina Guimarães disse que respaldava a fala dos colegas e agradeceu a presença dos alunos. “Eu agradeço a vocês terem acolhido nosso convite para participar de todo esse esforço, nesse desafio. O SUS é um corpo vivo, ele só pode ser realizado se cada um de nós participar e integrar. Um projeto é sempre um sonho, um sonho tem sempre uma dose muito grande de utopia. Isso é mais um sonho, e que a gente torce que se consiga realizar”. Cristina disse ainda que o grupo da coordenação do projeto tem sido bem recepcionado em todos os estados. Ela agradeceu a acolhida de Curitiba e encerrou seu discurso pedindo uma salva de palmas para a diretora Célia Gil.
Edelves Rodrigues explicou que o “Caminhos do Cuidado” é um projeto da Casa Civil e do Ministério da Saúde. “O Ministério convidou a Escola GHC e a Fiocruz, por sua experiência, para constituir uma equipe de trabalho junto com o Deges e o DAB. As escolas de saúde têm sido nossas grandes parceiras, elas nos acolhem e nos auxiliam a dar esse inicio organizativo e são muito importantes”. Edelves exibiu em slides a configuração do projeto.
Veja aqui a apresentação completa
Aspectos da Saúde Mental e Atenção Básica são discutidos
Após a apresentação, a coordenadora do macro-sul do projeto, Desirée Carvalho, informou aos alunos que os orientadores, Adriano Farina, Henrique Zilli, Vânia Melo, Ana Paula Marques, e Sheila Gonçalves iriam acompanhá-los no decorrer da semana. A primeira atividade foi a Dinâmica da Teia, em que os alunos se apresentam e conhecem um ao outro. Depois dessa atividade, Rosana Rodrigues do DAB fez uma apresentação sobre a Saúde Mental na Atenção Básica. Ela informou que a cobertura nacional das equipes de Saúde da Família é de 52%. Outro dado apresentado é o da existência de 2147 NASFs no Brasil, presentes em 1498 municípios, sendo que 1410 têm até duas equipes implantadas.
Outro dado mostrado indica a presença de psicólogos em 85% das equipes NASF no Brasil. Rosana disse que quando o apoio matricial ainda é confundido com supervisão e palestras e que é muito mais que essas ações específicas. Quanto à formação em saúde, ela afirmou que é preciso aprender a fazer a gestão compartilhada do cuidado. “É preciso olhar o sujeito de forma integral. O foco ainda é muito individualizado (clínico) e desconectado da lógica territorial”. Rosana explicou o que é o Programa Nacional de Melhoria ao Acesso e Qualidade (PMAQ), que tem por um dos objetivos estimular a efetiva mudança do modelo de atenção, o desenvolvimento dos trabalhadores e a orientação dos serviços em função das necessidades e da satisfação dos usuários.
Ainda durante a programação do primeiro dia de oficina, Mariana Schorn, da área técnica do Ministério da Saúde, fez um breve histórico da política de saúde mental do país e da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Taia Mota, também da área da área técnica do Ministério da Saúde, falou sobre as ferramentas da Saúde Mental. Sobre o Projeto Caminhos do Cuidado, ela explicou que ele vai promover a mudança de paradigmas, convergência da atenção envolvendo diversas áreas e setores e a ampliação da RAPS em seus propósitos.